Goat? Quem é o Goat?

Uma fábula na Quinta da Vinha, por Cabrita Wines.

EN
01

Numa fabulosa árvore secular,
De onde se avista uma nesga de mar,
Existe um retiro, bem protegido,
Que ao olhar passa despercebido.
É um pequeno e acolhedor wine bar,
Nos limites da vinha, um excelente lugar,
Onde todos os dias, todos sem exceção,
Os que sobrevivem e prosperam vão
Celebrando a vida com um copo na mão,
Alegremente e até ao seu último tostão.

02

Os laços aqui criados,
Efémeros, mas admirados.
Eram maiores que o pensamento,
Tal como dizia o Zeca, com fundamento.
E quando alguém batia a bota,
É duro, mas digno de nota,
Todos pareciam entender,
Que a vida é curta e passa a correr.
E a razão para persistir e continuar
Encontravam-na à mesa, ou junto do bar.

03

Todos os dias, e até ao dia presente,
Três mantinham presença permanente.
Uma Coruja, um Texugo e um Camaleão,
Sábios e com poder de argumentação.
Aristocratas, repletos de conhecimento,
Lideravam este palco com discernimento.
O que debatiam era difícil de superar,
E os que ali estavam, deixavam-se levar,
Ouvi-los era um exercício exigente,
Todos aprendiam, bastava estar presente.

04

Os seus debates eram intensos,
Complexos, amplos e densos.
Do futuro ao passado, da política à religião,
Mas neste dia, surgiu uma simples questão.
Sobre as virtudes de um desconhecido,
Um tópico novo, mas fugazmente debatido.
Revelando incertezas e interrogações,
Elevando aquilo que eram os seus padrões,
Culminando numa lição importante
Para além do óbvio, bem distante.

05

“Temos um GOAT nas redondezas!”,
Exclama o Texugo, sem miudezas.
“Ele é o melhor ou é uma falácia?”,
Pergunta a Coruja, com perspicácia.
Uma Cabrita, que estava por ali,
Reage dizendo: “Ele é o melhor que já vi!”
“Ele é bom ou é uma grande peça?”,
Intervém o Camaleão, sem sinais de pressa,
“O epíteto GOAT é difícil de carregar,
pois a fama e a glória são fáceis de enterrar.”

06

“Existirá um GOAT sem obsessão?
E o seu caráter é próximo da perfeição?
É egocêntrico? Refém do seu reflexo?”,
Disse a Coruja, tornando o assunto complexo.
“Concordo, mas eis a minha conclusão!”,
Declara o Texugo, sem hesitação,
“Não importa a capacidade ou a competência.
Ele deve inspirar e respeitar a sua audiência.”
“Brindemos a isso!”, exclama o Camaleão,
“Vinho servido e copos na mão!”

07

Perante a euforia e o idealismo partilhado,
Sentindo que o assunto estava arrumado,
Ninguém notou ou deu atenção,
A uma sombra volumosa, ao ranger do chão,
E ao perfume leve, mas difícil de ignorar,
Cítrico e fresco, que se apossou do ar.
Laranjas do Algarve, certamente deliciosas,
Irresistíveis e invariavelmente formosas.
Só um tossir forçado os chamou à atenção,
E o silêncio surgiu, assim como a tensão.

08

“As melhores laranjas para degustar!
Nossas, de sabor único, e difíceis de igualar.
Aroma e textura, perfeitamente alinhados,
Identificáveis, até de olhos fechados.
Frutadas e suculentas, não o digo sozinho,
Acho que até poderiam dar nome a um vinho!
E fruta sem cor, conseguem imaginar?
Doçura e acidez juntas, é fácil de encontrar?
E quem as semeia e as tem de tratar?
Faz jus à natureza ou ao seu paladar?”

09

Furando o silêncio, e fora de si,
A Cabrita grita: “É o GOAT, o melhor que já vi!”
A reação global era fácil de perceber,
Espanto e surpresa, nada a dizer.
Este era um padrão difícil de entender,
Nem os sábios sabiam o que fazer.
Que ilações tirar desta exposição?
Qual o modo de avaliar esta visão?
Será este o melhor da sua geração?
Porque falou em vinho? Qual a ligação?

10

Entre as laranjas, e saída do nada,
Uma garrafa de vinho foi apresentada.
Luminosa, cativante e opulenta,
De nome GOAT e laranja de curtimenta.
“Voilà… laranja do Algarve e vinho,
Uvas divinas, arte e carinho.”
E com isto, aumentou o seu tempo de antena,
Por isso, continuou… voltando ao tema.
“E se o vinicultor não seguiu a sua paixão,
Seguiu o gosto, a moda ou a tradição?”

11

“Alguém aqui conhece este vinho?
Certamente ninguém, quase que adivinho.
É o maior de todos os tempos do seu género,
Criado e tratado com cuidado, mas efémero.
Estruturado, equilibrado e admirável,
Único, sublime e inigualável,
Até o seu design é assinalável.
E a propósito a compra online… é impecável.
Mas, principalmente, porque é irrepetível,
Porque parar o tempo, é impossível.”

12

A seguir, o vinho foi servido,
Tornando o ambiente mais descontraído.
E mesmo que a discussão principal,
Se tenha esfumado, e tornado trivial,
Ninguém ficou indiferente,
Sobre o quão satisfatório era intelectualmente
Aquele vinho e momento improvável,
Que fizeram daquela uma noite memorável,
Tornando-a num ato de felicidade,
Mostrando que a virtude é feita de simplicidade.

13

A noite estendeu-se até ao amanhecer,
Entre retórica, pontos de vista e saber.
E para o brinde final desta história,
Repleto de compromisso, coragem e glória,
Todos concordaram em união,
Fazer uma profunda declaração:
“Mesmo que o amanhã não exista,
E alguém aqui presente não persista,
Este momento será recordado,
E na nossa memória para sempre registado.”

01

Numa fabulosa árvore secular,
De onde se avista uma nesga de mar,
Existe um retiro, bem protegido,
Que ao olhar passa despercebido.
É um pequeno e acolhedor wine bar,
Nos limites da vinha, um excelente lugar,
Onde todos os dias, todos sem exceção,
Os que sobrevivem e prosperam vão
Celebrando a vida com um copo na mão,
Alegremente e até ao seu último tostão.

03

Todos os dias, e até ao dia presente,
Três mantinham presença permanente.
Uma Coruja, um Texugo e um Camaleão,
Sábios e com poder de argumentação.
Aristocratas, repletos de conhecimento,
Lideravam este palco com discernimento.
O que debatiam era difícil de superar,
E os que ali estavam, deixavam-se levar,
Ouvi-los era um exercício exigente,
Todos aprendiam, bastava estar presente.

05

“Temos um GOAT nas redondezas!”,
Exclama o Texugo, sem miudezas.
“Ele é o melhor ou é uma falácia?”,
Pergunta a Coruja, com perspicácia.
Uma Cabrita, que estava por ali,
Reage dizendo: “Ele é o melhor que já vi!”
“Ele é bom ou é uma grande peça?”,
Intervém o Camaleão, sem sinais de pressa,
“O epíteto GOAT é difícil de carregar,
pois a fama e a glória são fáceis de enterrar.”

07

Perante a euforia e o idealismo partilhado,
Sentindo que o assunto estava arrumado,
Ninguém notou ou deu atenção,
A uma sombra volumosa, ao ranger do chão,
E ao perfume leve, mas difícil de ignorar,
Cítrico e fresco, que se apossou do ar.
Laranjas do Algarve, certamente deliciosas,
Irresistíveis e invariavelmente formosas.
Só um tossir forçado os chamou à atenção,
E o silêncio surgiu, assim como a tensão.

08

“As melhores laranjas para degustar!
Nossas, de sabor único, e difíceis de igualar.
Aroma e textura, perfeitamente alinhados,
Identificáveis, até de olhos fechados.
Frutadas e suculentas, não o digo sozinho,
Acho que até poderiam dar nome a um vinho!
E fruta sem cor, conseguem imaginar?
Doçura e acidez juntas, é fácil de encontrar?
E quem as semeia e as tem de tratar?
Faz jus à natureza ou ao seu paladar?”

11

“Alguém aqui conhece este vinho?
Certamente ninguém, quase que adivinho.
É o maior de todos os tempos do seu género,
Criado e tratado com cuidado, mas efémero.
Estruturado, equilibrado e admirável,
Único, sublime e inigualável,
Até o seu design é assinalável.
E a propósito a compra online… é impecável.
Mas, principalmente, porque é irrepetível,
Porque parar o tempo, é impossível.”

12

A seguir, o vinho foi servido,
Tornando o ambiente mais descontraído.
E mesmo que a discussão principal,
Se tenha esfumado, e tornado trivial,
Ninguém ficou indiferente,
Sobre o quão satisfatório era intelectualmente
Aquele vinho e momento improvável,
Que fizeram daquela uma noite memorável,
Tornando-a num ato de felicidade,
Mostrando que a virtude é feita de simplicidade.

13

A noite estendeu-se até ao amanhecer,
Entre retórica, pontos de vista e saber.
E para o brinde final desta história,
Repleto de compromisso, coragem e glória,
Todos concordaram em união,
Fazer uma profunda declaração:
“Mesmo que o amanhã não exista,
E alguém aqui presente não persista,
Este momento será recordado,
E na nossa memória para sempre registado.”

02

Os laços aqui criados,
Efémeros, mas admirados.
Eram maiores que o pensamento,
Tal como dizia o Zeca, com fundamento.
E quando alguém batia a bota,
É duro, mas digno de nota,
Todos pareciam entender,
Que a vida é curta e passa a correr.
E a razão para persistir e continuar
Encontravam-na à mesa, ou junto do bar.

04

Os seus debates eram intensos,
Complexos, amplos e densos.
Do futuro ao passado, da política à religião,
Mas neste dia, surgiu uma simples questão.
Sobre as virtudes de um desconhecido,
Um tópico novo, mas fugazmente debatido.
Revelando incertezas e interrogações,
Elevando aquilo que eram os seus padrões,
Culminando numa lição importante
Para além do óbvio, bem distante.

06

“Existirá um GOAT sem obsessão?
E o seu caráter é próximo da perfeição?
É egocêntrico? Refém do seu reflexo?”,
Disse a Coruja, tornando o assunto complexo.
“Concordo, mas eis a minha conclusão!”,
Declara o Texugo, sem hesitação,
“Não importa a capacidade ou a competência.
Ele deve inspirar e respeitar a sua audiência.”
“Brindemos a isso!”, exclama o Camaleão,
“Vinho servido e copos na mão!”

09

Furando o silêncio, e fora de si,
A Cabrita grita: “É o GOAT, o melhor que já vi!”
A reação global era fácil de perceber,
Espanto e surpresa, nada a dizer.
Este era um padrão difícil de entender,
Nem os sábios sabiam o que fazer.
Que ilações tirar desta exposição?
Qual o modo de avaliar esta visão?
Será este o melhor da sua geração?
Porque falou em vinho? Qual a ligação?

10

Entre as laranjas, e saída do nada,
Uma garrafa de vinho foi apresentada.
Luminosa, cativante e opulenta,
De nome GOAT e laranja de curtimenta.
“Voilà… laranja do Algarve e vinho,
Uvas divinas, arte e carinho.”
E com isto, aumentou o seu tempo de antena,
Por isso, continuou… voltando ao tema.
“E se o vinicultor não seguiu a sua paixão,
Seguiu o gosto, a moda ou a tradição?”