Em termos históricos, a Negra Mole já foi a casta mais plantada da região do Algarve.
A partir de 2010, a região viu crescer os produtores de forma exponencial e com eles o crescimento da plantação de castas internacionais em detrimento de castas nacionais e autóctones. A Negra Mole deixou de ser a base dos vinhos tradicionais algarvios de outrora, passando a ocupar um papel secundário de lote ou até a ser substituída por completo.
A casta tem enormes potencialidades, mas está ainda por explorar o que muito tem para dar. Em termos da sua variabilidade genética, num estudo ampelográfico nacional, a Negra Mole foi considerada a 2ª casta mais antiga de Portugal, logo a seguir à Sercial.
Em tempos antigos era muito plantada e isso devia-se sobretudo ao facto de estar perfeitamente adaptada ao terroir. O que é demonstrado no seu bom comportamento na vinha, produzindo com facilidade muita quantidade, ao mesmo tempo que é resistente a doenças e problemas da vinha.
Na adega, quando vinificada isoladamente, tem uma fermentação mais demorada comparativamente com outras castas, mas em lote tem um bom comportamento, devido ao elevado teor de açúcares que adquire com a maturação.
Os vinhos resultantes Estilo Claret, de cor vermelha aberta, com pouca acidez e baixo teor de taninos. Um perfil de vinho com pouca procura, o que explica algum desinteresse pela casta. Porém, atualmente, a tendência mundial é extremamente favorável à Negra Mole. Em primeiro lugar, porque é exclusiva da região algarvia e porque é uma casta simbólica com história e tradição. Em segundo lugar, porque há uma tendência global para vinhos mais leves e descomplicados.
Uma casta bastante versátil, no sentido em que produz vinhos brancos de prensagem suave, rosés, tintos com uma maceração de curta ou longa duração, e espumantes.
Vinhos que emparelham muito bem com a gastronomia local, muito à base de produtos do mar, onde a conjugação com as temperaturas mais quentes convidam a vinhos mais leves e fáceis de beber, muitas vezes a pedir que fossem refrescados como forma de combater o calor.
A Negra Mole tem tudo para ser, nos próximos tempos, o símbolo vitivinícola do Algarve.
Imagine a harmonização perfeita que é um vinho Negra Mole com umas saborosas sardinhas assadas, um banquete muito apreciado pelos nossos avós.